Como marcas de moda praia estão se preparando para o verão pós-isolamento?
Por Luísa Silveira
Os meses de pandemia foram suficientes para mexer com a economia brasileira, seja impulsionando negócios ou fechando portas de empresas antigas. Um dos ramos que mais foi afetado pela imposição do isolamento social foi o dos artigos de moda praia.
Pelo Brasil, muitas praias foram fechadas – com direito a multa para quem desrespeitasse à ordem – e piscinas e clubes tampouco eram autorizados, por serem locais típicos de aglomeração. Com isso, não havia tanto interesse do público em comprar um novo biquíni, por exemplo.
E isso afetou desde nomes menores até aos poderosos da indústria. A famosa estilista Lenny Niemeyer, que tem na moda praia seu principal negócio, contou em entrevista que teve uma queda de quase 50% no movimento de seu e-commerce.
Josimar Barrozo, empresário da Livre & Leve, também sentiu os prejuízos da crise. “Com a chegada da pandemia, o interesse em nossos produtos despencou. E ainda coincidiu com o inverno, período de menor sazonalidade nos nossos produtos”, afirma.
A crise do coronavírus definitivamente obrigou diversos negócios a se reinventarem a fim de sobreviver aos tempos difíceis. Assim, empresas que vendem artigos que não estavam sendo muito procurados – desde maquiagens à maiô – adotaram técnicas como atração de clientes antigos e exploração de novos nichos.
Investimento em clientes fiéis
Para diversos empresários, é fácil perceber o que as pesquisas sugerem: conquistar um cliente novo é mais caro do que fidelizar aqueles que já compraram da marca.
Por isso, nesse momento de crise, houve um forte investimento no que se refere a reconquistar clientes fiéis. Nesse caso, segmentação de propagandas e anúncios foi o termo chave.
Uma vez que compradores antigos já fazem parte do banco de dados da empresa, torna-se mais fácil entender seu histórico de compras, comportamento e possíveis gostos.
Além disso, o cliente já está familiarizado com a marca e seus produtos, portanto, a tendência é que responda melhor aos anúncios e descontos.

Exploração de novos ramos
Ao passo que alguns produtos tiveram demanda diminuída, outros saltaram aos olhos do público. Não à toa, diversas marcas apostaram na fabricação de máscaras de proteção ou na distribuição de álcool em gel, como as empresas de cosméticos Quem Disse Berenice e Sallon Line.
Porém, para além dos produtos de higiene relacionados ao combate à pandemia, explorar outros nichos foi um caminho essencial para a sobrevivência de diversos negócios.
Desde restaurantes que se adaptaram à venda de quentinhas ou mercados e farmácias que tiveram que aderir ao delivery, quase todos os negócios passaram por mudanças.
No caso da Livre & Leve, o caminho incluiu aumentar o leque de produtos. A empresa, que é conhecida pelas estampas originais, pretende produzir também blusas, shorts e ainda criar uma linha pet – com coleiras e guias, todas com estampas próprias da marca.
“Nossas novas linhas vão combinar perfeitamente com os maiôs e biquínis que já existem na loja”, afirma Barrozo.
Aposta em inclusão
A fim de agradar a todo público, é preciso apostar em diversidade de tamanhos e cores. O mercado plus size, por exemplo, está em crescente alta nos últimos anos. A aposta da Associação Brasileira de Plus Size era de que, em 2020, o mercado crescesse 10%.
A pandemia pode ter afetado nos números atuais – que ainda não foram divulgados pela instituição. Porém, cada vez mais, há campanhas e movimentos que influenciam a autoaceitação feminina, intensificadas por debates sobre saúde mental.
E a tendência é que, seja em praias ou clubes, mulheres de todos os tamanhos e corpos sintam-se à vontade para usar um biquíni, se assim desejarem.
Por isso, é estratégico, principalmente para marcas de moda praia, investirem em modelagens maiores para o verão de 2021.
Reaquecimento do setor de moda praia
O segmento da moda praia já começa a identificar melhora no desempenho. Após medidas de flexibilização da quarentena, praias foram liberadas pelos país e piscinas e clubes voltaram à ativa.
É possível observar um aumento pesquisas pelo termo “moda praia” no Google Trends a partir do final de agosto.
O interesse por moda praia volta a crescer no Brasil
E isso já pode ser observado, também, nas vendas das marcas do setor. “Em agosto notamos uma melhora nas compras realizadas no site. Mas, no mês de setembro, o volume subiu exponencialmente”, afirma o empresário da Livre & Leve